Tragédia da Kiss: três anos depois, a luta por justiça continua

O dia de ontem foi marcado desde o início da madrugada por homenagens às 242 vítimas da tragédia da Boate Kiss, que completou três anos nesta quarta-feira (27).

As atividades começaram na noite de terça (26), na vigília permanente instalada na Praça Saldanha Marinho. Dali partiu uma caminhada pela Av Rio Branco em direção à Rua dos Andradas, onde funcionava a boate. A fachada foi novamente grafitada por artistas locais, chamando a atenção para a responsabilidade do poder público na tragédia. Ao lado direito da entrada a frase “Omissão Mata” é acompanhada da definição de omissão: “É o ato ou efeito de omitir. É o deixar de fazer, dizer ou escrever. É não agir quando se esperaria que fizesse.”

Às 2h30, horário da tragédia, o toque de uma sirene cortou o silêncio da cidade, geralmente interrompido apenas pelo apito do trem, e, sob forte comoção, os presentes prestaram suas homenagens.

As atividades da tarde começaram às 16h30, com uma aula pública sobre a falta de espaços públicos para a juventude, como parte da programação do XXI Encontro Nacional de Estudantes de Geografia (ENEG). Participaram da mesa de debates Carina Corrêa, mãe de uma vítima da tragédia e membro do Movimento Santa Maria do Luto à Luta, Bruno Schreiner, do Diretório Acadêmico da Geografia – DAGEO, Nei D’Ogum, militante negro e LGBT, e Ana Justina, geóloga e representante do Movimento Nacional de Luta pela Moradia – MNLM.

Após o debate, os estudantes realizaram uma caminhada por ruas centrais da cidade, pedindo por justiça pelas 242 vítimas da Kiss e realizaram uma intervenção no viaduto Evandro Behr.

A programação continuou na praça com apresentações musicais de Tiane Tâmbara e Preto Cardoso, Janu Uberti, a banda Porvenir, Marcelo Massário e o rapper Fosco, que compôs uma música sobre a tragédia.

No final da tarde, com a praça lotada, foi realizado um dos momentos mais emocionantes, a contagem de 1 a 242, enquanto no telão eram reproduzidas fotos das vítimas. Após este momento, foi realizado um culto ecumênico, que se estendeu até a noite.

Em uma nova tentativa de conseguir justiça, familiares das vítimas entrarão em breve com um processo na Corte Interamericana de Direitos Humanos. A denúncia é de que, embora no início do processo 43 pessoas tenham sido indiciadas, a maioria foi inocentada na fase inicial e hoje nenhum servidor público está no banco dos réus, embora seja de responsabilidade do poder público fiscalizar e permitir ou não o funcionamento de casas noturnas.

 

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