A paralisação é ampla na Rede Municipal de Educação

De acordo com um levantamento do Sinprosm, das 77 instituições da rede, 36 paralisaram completamente, dez paralisaram parcialmente, 18 seguiram as atividades normalmente e 13 não puderam ser contactadas até agora – provavelmente porque paralisaram e não atenderam aos chamados telefônicos da coordenação. Muitos  docentes reuniram-se em grupos menores para debater o texto “Não seja professor”, do filósofo Vladmir Safatle, proposto pela coordenação do Sinprosm como um acendimento às discussões. Até agora, onze escolas enviaram seus relatos às redes sociais do sindicato. Leia-os abaixo!

 

EMEI Montanha Russa

Hoje, dia 14 de maio de 2015, a Escola Municipal de Educação Infantil está com sua equipe de professores reunida, a fim de conversar e debater sobre o texto selecionado pelo sindicato dos professores.
Após leitura do texto “Não seja professor”, concluímos que:
– O descaso com a nossa categoria vem ao longo do tempo;
– A desvalorização da nossa classe já é histórica, pois sempre vivemos no desrespeito, na insegurança, na indiferença;
– Lutamos pelos nossos direitos, e queremos ser apoiados por um sindicato atuante e presente e que seja apartidário;
– Buscamos os nossos direitos, apoiados por lei, como a Hora Planejamento, plano de saúde e principalmente o Piso Nacional, pagamentos da RST e vantagens em dia;
– Queremos valorização, condições adequadas de trabalho, professores em sala de aula, merendeira e ou auxiliar de serviços gerais nas escolas;
– Não vivemos de vocação, queremos ser cidadãos da educação e não cidadãos do descaso dos governantes.

 

Reunião na Vicente Farencena

 

EMEF Vicente Farencena

É com muita preocupação que estamos assistindo à situação da Educação em nosso País. São Paulo em greve, no Paraná professores apanhando em manifestações legítimas, o descontentamento geral é visível. Aqui em Santa Maria o prefeito não aceita nem discutir o pagamento do Piso Salarial (que é um direito por lei) com o Sindicato dos Professores, que é o nosso representante oficial.
A Administração Municipal acha que está tudo bem, mas como vai ficar a situação das escolas após os seis meses dos professores contratados, se o concurso não tem nem data para ser realizado? Também determina que não sejam realizadas reuniões pedagógicas, como vamos planejar?
E como fica a situação do plano de saúde que atingiu um valor absurdamente alto, comprometendo, em alguns casos, até 70 ou 80% do salário do Professor?
Por tudo isso estaremos reunidos hoje à tarde para manifestar nossa insatisfação com a administração municipal.
EMEI Ida Fiori Druck

Entendemos que o nosso papel de educadores é contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária, porém hoje em dia esta mesma sociedade não contribui com o professor para que ele seja visto como uma peça fundamental para esta mediação e articulação, fazendo-o cada dia mais desestimulado e desvalorizado.

Também temos o papel de nos unir enquanto categoria para reivindicar o cumprimento dos nossos direitos, como o pagamento do Piso Nacional, melhores condições de trabalho, formação continuada de qualidade e de interesse do professor, reuniões pedagógicas quando realmente há necessidade na escola e não com datas previamente estipuladas pela mantenedora. Reinvindicações e mobilizações são necessárias para chamar atenção da sociedade e governo, pois as leis foram criadas, mas não estão sendo cumpridas.

Podemos acompanhar na mídia diariamente cenas de violência e desrespeito com a categoria, tanto por parte da administração pública quanto pela comunidade, isso faz com que o professor a cada dia perca a sua identidade, sinta-se desmotivado, desvalorizado, levando-o a adoecer mentalmente e fisicamente, pois como podemos trabalhar sem o apoio de pais, governo e alunos?

Diante deste cenário de desvalorização dos professores, há uma queda acentuada de desinteresse dos estudantes em serem educadores, fazendo com que a evasão em faculdades de ensino seja cada vez maior o que no futuro não teremos mais docentes.

 

No Núcleo Infantil CAIC Luizinho de Grandi, a manhã foi de debates
No Núcleo Infantil CAIC Luizinho de Grandi, a manhã foi de debates

EMEI Núcleo de Educação Infantil CAIC Luizinho de Grandi

Nós do Núcleo de Educação Infantil – CAIC Luizinho de Grandi, estamos reunidos nesta manhã de quinta-feira para reivindicar as lutas da nossa categoria e deixar claro que não somos apáticos a esta situação. Acreditamos que a união da categoria fortalece o movimento em prol da valorização dos professores. Criticamos veemente a posição de algumas EMEIs que não paralisaram neste dia importante de luta e enfrentamento, para que nossos direitos sejam assegurados.
Enfrentamos a falta de professores, o descumprimento por parte da prefeitura da hora atividade, a falta de um plano de saúde que se ajuste ao orçamento do professor.
Percebemos a importância desta paralisação no sentido de termos um momento de discussão e reflexão sobre a realidade que estamos vivenciando na rede pública Municipal. Parabenizamos a iniciativa e organização do sindicato em promover esta ação, nos respaldando com textos informativos, representantes e a presença constantes de seus membros. Agradecemos também a colaboração e o incentivo da comunidade escolar neste movimento.

Sugestões de ações para o sindicato: boicote das atividades sugeridas pela prefeitura via Smed.

 

EMEF Profª Hylda Vasconcellos

A E.M.E.F Profª Hylda Vasconcellos está discutindo o texto “Não seja professor”, do professor Vladimir Safatle, o qual foi encaminhado pelo sindicato.
Compreendemos que o texto traz uma mensagem de alerta com o descaso da nossa profissão, em contrapartida pensamos que devemos propor soluções para a nossa classe em busca de melhores condições de trabalho e educação. Para atingirmos esse objetivo devemos pensar na coletividade em busca do bem comum.
Refletimos:
Como podemos trabalhar o coletivo?
Como podemos mobilizar os professores?
Propomos a realização de um fórum para os professores da rede municipal. O objetivo seria debater coletivamente e elaborar uma carta aberta à comunidade sobre o que foi debatido, porém para que haja a participação de todos, esse fórum teria um caráter de convocação. Pedimos ao Sinprosm que nos apoie nessa causa e que seja proposta a todas as escolas essa sugestão.

 

 

EMEF Perpétuo Socorro

Qual seria o nosso papel de educadores da rede municipal para resgatarmos o nosso valor e como poderíamos enfrentar os desafios frente à insensibilidade da administração municipal?

O papel de educador da rede municipal tem-se muito claro em mente desde nossa formatura até o dia da posse seja na rede municipal, estadual ou particular. Estudamos anos a fio tendo em mente que tão logo formados estaríamos à frente de um grupo de alunos para transmitir-lhes, não só conteúdos, mas também nossas experiências de vida e muitas vezes aprender com eles. E o tempo passou e, o professor continuou sempre com as mesmas expectativas, o mesmo giz, o mesmo quadro, a mesma sala de aula, tudo o mesmo.

Nossa profissão não é respeitada porque nós não lutamos por isso. E não somos contra nossa profissão. Estamos sendo realistas e sinceros, bastam alguns questionamentos: qual a porcentagem de professores que comparece às assembleias? Qual a porcentagem que estará na manifestação hoje? Quantas escolas juntaram alunos e comunidade para explicarem sobre o porquê da paralisação? Quantas escolas convidaram a sua comunidade escolar para estarem junto a seus professores?

Infelizmente, temos que concluir que não temos união dentro de nossa categoria.

Ouvimos falar toda hora: Piso Salarial, Reuniões Pedagógicas, falta de professores, etc. Parece-nos que essas questões são amparadas por lei, mas porque não se consegue fazer com que essas leis sejam cumpridas? Onde está o erro?

Pensamos que a categoria tem que se unir mais com responsabilidade e comprometimento (não interessa que tenha que recuperar aula no sábado). Temos que mostrar através daquele velho bordão: “a união faz a força”.

 

 

 

EMEF Pão dos Pobres

Dia 14 de maio de 2015 a EMEF Pão dos Pobres, do município de Santa Maria, responde ao chamamento do Sinprosm e está paralisando suas atividades. Reunimo-nos para discutir os motivos que nos fazem parar. Esta paralisação vai além do não recebimento do piso salarial. Paralisamos pela necessidade de uma maior valorização do professor, por melhores condições de trabalho nas escolas, por cuidados com a nossa saúde, por autonomia na decisão de assuntos pertinentes ao funcionamento da Escola.
Nossa discussão ganhou amplitudes maiores do que desejamos. Percebemos a fraqueza da categoria quando esta fica a mercê de leis feitas por aqueles que não vivem a realidade de nossa comunidade, incutindo aos professores e gestores escolares responsabilidades que deveriam ser da Secretaria Municipal de Educação e do dirigente deste município.
A valorização do professor virou utopia. Hoje vimos que ensinamos para garantir votos, e não para abrir mentes, não para ajudar na formação de cidadãos com caráter.
Analisamos a falta de responsabilidade do Estado com políticas públicas efetivas para com a Educação. A garantia de condições ideais de trabalho para professores simplesmente é falha, isso quando ocorrem. Sofremos com a falta de respeito de alunos e muitas vezes pais e mães de alunos, e isso impede de exerçamos o nosso direito de trabalhar. As leis estão garantidas para alunos, pouco ou quase nada funciona de fato para o professor nesta questão.
“Estamos sós e nenhum de nós sabe exatamente onde vai parar” – a estrofe desta música explicita o sentimento em nossa discussão.
Professores são funcionários como outro qualquer, mas com muitos direitos negados e muitos deveres aumentados. Não somos salvadores dessa “Pátria Educadora”, não somos missionários, somos profissionais da Educação adoecendo, sem plano de saúde compatível com nossos salários.
Sabemos que a união faz a força e vamos lutar por uma Educação de qualidade. Acreditamos na Educação, não vivemos de sonhos, e lutamos por uma realidade onde a vida do aluno seja transformada para que este possa viver com efetividade, onde nós professores temos a consciência que fazemos a diferença para um mundo melhor.

 

 

EMEF Reverendo Alfredo Winderlich

Estamos em crise! Os jovens já não querem ser professores, é baixa a procura pelos cursos de licenciatura, há desistência de muitos professores. Isso tudo é resultado da desvalorização da categoria. Somos desvalorizados tanto pelo governo quanto pela sociedade. É essa desvalorização que permite a um governo mandar reprimir com violência uma manifestação de professores. É essa desvalorização que autoriza alunos e pais a desrespeitarem o professor em seu ambiente de trabalho. Os professores vivem sob ameaça de violência em comunidades abandonadas pelo poder público. Somos constantemente cobrados pela necessidade de atingir índices, metas, atender direitos dos alunos. E os nossos direitos? Quem está interessado em atendê-los? Nosso reajuste está sendo oferecido pela metade; não temos nosso horário de planejamento respeitado (1/3 da carga horária); nosso direito à assistência à saúde não está sendo atendido de forma plena. Além disso, nossa categoria vê surgir a realidade dos contratos que precarizam os direitos, quando sabemos que somente o concurso público garante plenos direitos ao professor da escola pública.
Não podemos nos calar.
Esta luta é nossa!

 

Reunião na EMEF Dom Antônio Reis
Reunião na EMEF Dom Antônio Reis

EMEF Dom Antônio Reis

Quando a educação vai ser verdadeiramente prioridade?
A prefeitura municipal de Santa Maria “valoriza” a educação com:
– Descaso do poder executivo;
– Desvalorização e desinteresse para com os professores por parte da administração (Smed);
– Não cumprimento da legislação;
– Desinteresse com a saúde dos professores (plano de saúde), piso salarial, reuniões pedagógicas no turno de trabalho, planejamento dos professores;
– Imposição de projetos sem a participação dos professores e sem estrutura física, financeira e humanas para a execução dos mesmos;
– Desrespeito com a gestão democrática e participativa: autonomia administrativa, pedagógica e financeira das escolas;
– Falta de manutenção das escolas causando o sucateamento;

Como consequência, tudo isto provoca nos professores: revolta, desânimo, indignação, insatisfação.

O início do resgate da valorização dos professores e da educação passa necessariamente pela solução dos problemas apontados acima.
Enquanto o profissional da educação e as escolas públicas não forem valorizados e respeitados, as comunidades que delas dependem também não o serão.

 

EMEF Adelmo Simas Genro
A manhã de hoje foi um momento de discussão e estudo com os profissionais de educação desta instituição, pois não basta apenas ter orgulho de ser professor mas devemos lutar por nossos direitos e sabermos que cumprimos bem nossos deveres. Não podemos esquecer que Professor sem Plano de Saúde não tem dignidade. Da Instituição mantenedora e das escolas onde desempenhamos nossas funções devemos ter apoio para que juntos superemos as dificuldades.

 

EMEF junto ao CAIC
A insensibilidade e os desmandos da administração têm trazido prejuízos enormes à Educação Municipal. Hoje, nós professores somos chamados a resistir e lutar pelos nossos direitos de forma mais organizada e contundente. A história da nossa categoria é rica de exemplos de grandes campanhas, lutas e mobilizações. Jamais nos calamos, por que temos a compreensão do que significa qualidade da educação e o que significa dignidade e valorização profissional. Discutimos aqui no CAIC essa manhã o texto do professor Vladmir Safatle “Não seja professor”, sugerido pelo Sindicato. Concordamos com o autor quando ele sugere que o “melhor a fazer é recusar-se a ser professor”, mas somente quando esse “ser professor” for motivo de chacota e cinismo por parte de nossos governantes. O professor tem a obrigação de recusar esse tratamento. Não lhe é próprio essa identidade. Aceitar a injustiça e perpetuá-la não condiz como o nosso papel social e os fundamentos da nossa profissão. Devemos mostrar pacientemente à nossa comunidade que a Educação sim deve ser prioridade e que somente ela pode promover o bem comum. A educação de qualidade é um direito fundamental do ser humano e condição para a cidadania e a democracia. Não há futuro para nossa sociedade fora da educação. É “só” esse o papel que temos que cumprir e fazer valer apesar de todas as adversidades. Entendemos que essas adversidades são um problema de consciência, portanto de educação. Mais do que nunca somos chamados a educar a nós próprios, a nossos colegas e a sociedade. Precisamos aprender e dar exemplos de lutas por direitos, como cidadãos, com qualidade política e compromisso social. Precisamos aprender a lutar organizados e unidos. Essa é a nossa disposição e compromisso.

 

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