Comando de greve questiona Prefeitura sobre pressão para o retorno presencial

Os professores municipais voltaram a reunir-se com a administração municipal para discutir a pauta reivindicatória da greve ambiental, movimento que está prestes a completar dois meses. O comando de greve esteve representado pelas coordenadoras do Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria, Martha Najar, Juliana Moreira, Celma Pietczak e Vera do Monte, e pelo professor Roberto Lisboa, componente do comando de greve. A reunião teve a participação do prefeito Jorge Pozzobom, vice-prefeito Rodrigo Décimo e secretária de Educação Lúcia Madruga.

A percepção de uma postura intimidatória contra os professores que se mantém grevistas, presente em diversos relatos na recente plenária promovida pelo Sinprosm, foi questionada por Martha Najar. A secretária rechaçou essa postura, afirmando que “não haverá caça às bruxas” e que o retorno será gradual, escalonado e facultativo. Entende que muitos professores podem ter tido uma compreensão equivocada nos encontros, quando se tratou da necessidade de adequações no pós-greve, que só acontecerá quando houver um acordo de encerramento.

PROTOCOLOS

Em algumas situações, a adoção dos protocolos pode ser um impeditivo para a retomada efetiva das atividades. Juliana Moreira entende que, na educação infantil, a adaptação das crianças é um fator importante para a aprendizagem, tendo em vista que muitos estão indo pela primeira vez às escolas. “Temos especificidades, precisamos dar acolhimento, pegar no colo. Não pode ser visto da mesma forma”. Em escolas onde o espaço físico é limitado, para manter o distanciamento será necessário atender apenas dois alunos presencialmente por dia. Nesses casos, em turmas maiores, muitas crianças serão atendidas uma vez a cada duas semanas.

Os dias frios, como nas últimas semanas, causa preocupação quanto a orientação de se manter janelas e portas abertas. “Conhecemos o nosso público, Muitas crianças não tem condições”, diz Martha Najar.

CONDIÇÕES

Sobre a recuperação de horas, a categoria entende que não há resolução que determine um percentual mínimo de carga horário para ser cumpridas de forma presencial, portanto não há como estabelecer a recuperação. O governo acredita que esta será a principal questão a ser tratada no acordo de fim de greve

O movimento de retorno também preocupa a categoria. Celma Pietczak destaca que cada escola está determinando o número de vezes em que haverá aulas presenciais, porém a grande maioria das famílias está optando pelo formato remoto. “Algumas escolas estão fazendo até quatro dias presenciais. Como dar atenção adequada ao remoto sem sobrecarregar o professor?”, pondera. Segundo a secretária, nos formulários enviados pelas famílias, 60% preferem o remoto e 40% o presencial e que a orientação da SMED é de que as escolas optem pela forma mais equilibrada. “Quanto mais os alunos optarem pelo presencial, menos tempo eles ficarão na escola”, resume Martha.

O professor Roberto Lisboa alerta que existem escolas criando empecilhos para o ensino remoto para forçar o retorno presencial. A secretária garantiu que não é essa a orientação da SMED.

AVALIAÇÃO

O comando de greve entende que as informações oriundas do encontro serão importantes para a avaliação da greve na assembleia do final da tarde de hoje. “O relato deve ajudar para que a categoria avalie e decida como encaminhar o movimento. Temos pontos positivos e negativos a pesar”, entende Celma Pietczak.